Para quem não sabe, Anita Harley é acionista majoritária das Casas Pernambucanas, detentora de 48% das ações da empresa, e dona de uma fortuna de aproximadamente 2 bilhões de reais.
Em 2016, Anita sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) e, desde então, está em coma.
Em razão de sua condição, foi submetida ao instituto da curatela, tendo sido estabelecidos como seus curadores sua assessora, Cristine, e seu contador, Toshio Kawakami.
Antes do coma, Anita realizou o chamado “testamento vital”, documento em que a pessoa determina que tipo de tratamento ou não tratamento deseja para a ocasião em que se encontrar doente e incapaz de manifestar sua vontade, onde outorgou poderes à Cristine para decidir sobre seu tratamento de saúde e quanto ao “acesso total ao local ou recinto em que eventualmente me encontre ou venha a me encontrar […], seja na minha própria residência, hospital, clínica de saúde ou de repouso, hotel ou pousada”.
No entanto, uma terceira pessoa, Sônia, surgiu buscando reconhecer a existência de união estável com Anita, assim como a maternidade socioafetiva de seu filho biológico, Arthur. Neste interim, Cristine, igualmente, buscou judicialmente o reconhecimento de união estável com Anita.
Sendo assim, atualmente está sendo discutido judicialmente quem será o curador de Anita e, consequentemente, administrador de sua fortuna, o reconhecimento de união estável e o reconhecimento de maternidade socioafetiva.
Podemos acreditar que este tipo de situação envolvendo disputas familiares pelo reconhecimento de certas situações somente acontecem com pessoas com um vulto patrimônio. No entanto, a realidade é bem diferente deste pensamento. Histórias como as da Anita são corriqueiras, e acontecem com muito mais frequência do que deveriam.
Isso porque temos uma forte cultura de não planejar o nosso patrimônio e nossas relações familiares. À vista disso, são cada vez mais rotineiras disputas judiciais onde se buscam o reconhecimento de relações afetivas após a morte ou em situações em que a pessoa não pode exprimir sua vontade.
Por isso, é de suma importância um bom planejamento patrimonial, a fim de que seus interesses sejam cumpridos ainda que você não possa mais exprimi-los.
A criação da mentalidade pelo planejamento é necessária se quisermos evitar conflitos e contentas e fazer com que a nossa vontade seja atendida.